Imaginávamos uma inesquecível e romântica viagem por lugares tão lindos, tão encantadores, que nos dessem a sensação de que estávamos às portas do paraíso. Há muitos assim, mas queríamos um que reunisse não só beleza, mas também alegria e animação. Foi então que depois de muita indecisão optamos pela Escócia. Voamos de Londres para Edimburgo, a capital, onde começamos nossa sonhada viagem. Logo no início, ao seguir o GPS do aeroporto para o hotel, já ficamos deslumbrados com os arredores da cidade… Ela é toda linda!
Escolhemos o hotel boutique Nira Caledonia, uma antiga residência georgiana, que fica num elegante bairro residencial, excelente e com um fabuloso restaurante. Edimburgo é uma belíssima cidade, deixamos o carro no estacionamento e fazíamos todos os passeios a pé. Apesar de pequena há muito que ver. Foram três dias de incansáveis andanças entre o bairro medieval e o bairro georgiano, ou seja, entre a Old Town – do castelo medieval e vielas empedradas – e a New Town – clássica e elegante.
Em Old Town fica o mais famoso castelo da Escócia, o de Edimburgo, que domina a cidade do alto da montanha e de onde surge com suas paredes de pedra erguidas num penhasco vulcânico. Lá de cima contemplamos um cenário deslumbrante! Foi então que caímos de amor pela Escócia! Era verão, as ruas e os parques estavam lotados de turistas, a animação tomava conta da cidade, com gaitas de fole tocando em cada esquina. Passear pela Royal Mile, entre suas vielas e pátios internos, era como se voltássemos à época medieval. Conhecemos também o porto de Leith e visitamos o Yate Real Britannia.
À noite, íamos à New Town curtir os pubs, restaurantes badalados e clubes dançantes… Adoramos! Além de linda, esta cidade é uma festa! Depois de três dias intensos em Edimburgo, partimos em direção à vitoriana Glasgow. Foi uma surpresa para nós! Alegre, cheia de jovens estudantes das espetaculares universidades, museus interessantes, vida cultural intensa… Enfim, Glasgow é uma cidade vibrante que mistura o lado tradicional com o contemporâneo.
Há muito o que fazer nessa cidade, mas como só tínhamos dois dias, fomos aos mais recomendados, como à catedral medieval e ao imperdível Kelvingrove Park, cortado pelo rio Kelvin, com uma imensa área verde bem conservada, lagos e área de recreação. Junto ao parque ficam a Art Gallery e a Glasgow University, que são de grande beleza arquitetônica e de onde se tem uma linda vista da cidade. A Art Gallery tem um excelente acervo, com obras de Botticelli, Rembrandt, Degas, Monet e a famosa pintura de Dali, Cristo de São João da Cruz, entre outras.
Ficamos encantados com as obras do famoso arquiteto e também designer Charles Rennie Mackintosh, que unia elementos da tradição escocesa à Art Nouveau. Vários prédios de Glasgow têm sua marca, como a Escola de Arte de Glasgow. Fomos à casa de chá Willow Tea Room, projetada por Mackintosh em 1904, que tem um ambiente agradável, ótimo atendimento, deliciosos salgadinhos e doces. Mas o que nos fascinou foi o local: algumas das peças até são reproduções, mas o clima é autêntico, um verdadeiro salão art nouveau.
No caminho para as Highlands, terras altas escocesas, região famosa pela linda paisagem de montanhas e picos nevados, paramos algumas horas para conhecermos outro famoso castelo, o de Stirling, na cidade do mesmo nome. Imponente, bem conservado, construído no alto de um rochedo, assim como o de Edimburgo, proporcionou-nos vistas espetaculares.
E como a Escócia é a terra dos castelos, fomos também conhecer o Doune Castle, perto de Stirling. Fantástico! É o castelo que aparece no lendário filme “Monty Python e o Cálice Sagrado”. Há um tour gravado, narrado pelo Monty Python, Terry Jones. Rodamos pelas belas estradas das Highlands, até que finalmente chegamos à famosa terra das tradicionais destilarias, Oban, à beira da baía do mesmo nome. É uma pequena e pitoresca cidade portuária, de onde saem os “ferries” para as ilhas ao redor.
Passamos dois dias num aprazível hotelzinho à beira do lago Feochan, nos arredores de Oban. Fizemos muitos passeios, mas o ponto alto foi a visita a uma das mais antigas destilarias da Escócia, onde é produzido um dos seis tipos de malte puro da bebida tipicamente escocesa, o uísque. Fiquei sabendo que normalmente o vendido no Brasil é “blended”, mistura de diferentes maltes.
Fomos ao Dunstaffnage Castle. Na verdade são ruínas de um castelo meio abandonado… com suas pedras escuras, árvores retorcidas ao redor, uma capela em ruínas ao lado, com restos mortais de 400 anos, mais parece cenário de filme de terror. Continuamos nossa viagem em direção ao norte por belas estradas, contornando lagos e lindos vales, realmente a paisagem é deslumbrante. Paramos em Fort William para almoçarmos, uma cidadezinha muito agradável e de onde se avista Ben Nevis, a montanha mais alta da Escócia. Antes de chegarmos a Inverness paramos nas ruínas de Uquhart Castle, situado num dos mais belos cenários das Highlands, numa falésia à beira do famoso Lago Ness. É imperdível conhecer este castelo fantástico.
Chegamos então a Inverness, capital das Highlands, cidade cheia de lendas e tradições, terra do famoso monstro do Lago Ness. Claro que nosso primeiro passeio foi conhecer o Loch Ness, o lago mais profundo do Reino Unido. Não vimos o monstro, mas, apesar do frio e do vento, valeu o cruzeiro que fizemos, não só pela bela paisagem, mas especialmente pela visão que se tem do lago das ruínas do Castelo de Urquhart. Em Inverness acrescentamos mais um castelo ao nosso currículo, o Cawdor Castle. É um lindo castelo privado, com belíssimos jardins, cuja atual proprietária permite visitas entre maio e setembro, período em que está em sua outra residência.
Ao deixarmos Inverness ficamos dois dias nos arredores de Blairgowrie, num encantador e charmoso Relais & Châteaux, com um excelente restaurante. Seus proprietários transformaram uma requintada casa de campo escocesa em hotel de luxo, mas com um ambiente aconchegante e acolhedor. Após o delicioso café da manhã, saíamos pelas estradas para apreciar os campos e lagos da região sem nenhum compromisso com a hora, na volta aproveitávamos a paz e tranquilidade deste paraíso.
Não poderíamos deixar a Escócia sem fazer um passeio por “Borders”, a fronteira, repleta de ruínas de abadias e de alguns castelos destruídos por Henrique VIII. Conhecemos várias: Melrose Abbey, Dryburgh Abbey, Jedburgh Abbey, Kelso Abbey, todas magníficas. Quando se fala em Escócia, o que nos vem à lembrança são o Kilt, o cashmere, a gaita de fole e o puro malte escocês, mas dificilmente pensamos que é um dos locais mais belos do mundo. Terra que tem um quê de mistério, com suas lendas e fantasmas, além de paisagens deslumbrantes.
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