Quando se fala em Destination Wedding, vêm logo à mente lugares paradisíacos como o nordeste brasileiro, países caribenhos e, até mesmo, as charmosas cidades da Itália. E se o destino fosse a Polônia? Para quem busca um casamento de um conto de fadas, digno de uma princesa, certamente esse país do Leste Europeu tem muito a oferecer.
Com sua história milenar, o que não faltam são castelos medievais e enormes palácios, prontos para proporcionar uma comemoração inesquecível. E foi sob essa atmosfera de casamento real, que Marcela e Paul celebraram a sua união no dia 20 de junho de 2019, no Castelo de Gniew, na região da Pomerânia.
COMO TUDO COMEÇOU
Marcela é brasileira, carioca da gema; Paul (Pawel em polonês) Malicki, CEO da www.flyflapper.com, é de Varsóvia, mas mora no Brasil desde 2012. A história deles começou em janeiro de 2015, em um lugar bastante atípico para conhecer sua cara-metade: uma casa noturna, na Gávea.
Aquele encontro casual, uma semana após o Ano Novo, transformou a vida de ambos. Apesar de morarem em cidades diferentes – Paul era de São Paulo – e da rotina atarefada dele (com viagens constantes a trabalho), começaram um relacionamento a distância. Em 2016, decidiram morar juntos na Cidade Maravilhosa.
O transporte aéreo sempre fez parte da vida do casal, seja pela ponte-aérea, seja pela paixão por viagens exóticas. Logo, o pedido de casamento não poderia ser diferente. Em 2019, Paul levou a Marcela para fazer um vôo panorâmico de helicóptero pela orla do Rio e, ao chegar perto do Cristo Redentor, fez o pedido. Essa mesma estátua também estava ao fundo da primeira foto dos dois.
O desejo de Paul era casar em sua terra natal, afinal “não havia casamento igual aos dos poloneses”. Sua mãe ajudou na seleção do local e não poderia ter feito a melhor escolha: reservou um castelo medieval, construído no século 13, às margens do Rio Vístula – que corta toda a Polônia. Ahh…se todas as sogras fossem assim.
Foram apenas seis meses para planejar o casamento, procurar o vestido de noiva e preparar o processo civil e religioso – uma missão (quase) impossível. A noiva tomou a frente da organização e conseguiu pensar em todos os detalhes, inclusive na iluminação, mesmo não falando a língua local. Quando a comunicação em inglês não bastava, entrava o noivo na jogada, para acertar com os fornecedores.
Os pais dele também ajudaram nos preparativos, inclusive nos vestidos das daminhas e no bouquet. Já a mãe da noiva fez à mão mais de 100 saquinhos de crochê, com sabonetinhos, para lembrancinhas de casamento.
A Administração do espaço cuidou do bufê e da decoração. Foram selecionadas, pela noiva, flores brancas para a capela e rosas equatorianas amarelas para adornar as mesas da festa.
A missa, realizada em inglês e polonês, ocorreu na própria capela teutônica do Castelo de Gniew. Houve o cortejo de entrada, como há no Brasil, e a presença de seis casais de padrinhos, a maioria brasileiros. Aliás, foi um desafio e tanto para o casal organizar a cerimônia e orientar os violinistas a tocaram uma música para cada momento. Tais costumes não existem na Polônia. Em geral, as missas são bem simples, apenas uma música é tocada.
Foi uma grande festa para familiares e amigos mais próximos – cerca de 100 convidados -, a ideia era proporcionar um momento inesquecível para todos, afinal a maioria veio de muito longe, foram 10 nacionalidades, e nunca tinha ido na Polônia. Aliás, ninguém precisou se deslocar após o casamento, os convidados dormiram nos quartos do castelo e no hotel em frente. Isso garantiu ainda mais a diversão.
TRADIÇÕES QUE VOCÊ SÓ ENCONTRA NOS CASAMENTOS POLONESES
- A cereja do bolo sempre fica para o final. Veja o que torna o casamento eslavo tão único:
- Mais de 85% da Polônia é católica praticante. Logo as cerimônias são realizadas em igrejas ou paróquias, não é comum o casamento civil. Inclusive, não seria estranho convidar alguém apenas para a missa. Apenas músicas sacras são tocadas na celebração. Os noivos tiveram de pedir autorização ao padre para os violinistas tocarem outro estilo.
- Sob a atmosfera medieval, os recém-casados foram recebidos no pátio do castelo por cavaleiros hussados, com uma salva de canhão para anunciar o casório. Quem teve de acender o canhão? O próprio noivo! Tal ritual secular era particular da região da Pomerânia e o Castelo de Gniew ainda o mantém.
- Na recepção, são oferecidos aos noivos, pão, sal e taças de champagne. Após a bebida, o casal deve quebrar as taças, jogando-as para trás. Essa tradição traz sorte à nova família.
- É formada uma longa fila com todos os convidados para cumprimentar os noivos e presenteá-los. Na Polônia, a lista de presentes não é online, eles são dados no próprio dia (em geral, bebidas, flores e envelopes com dinheiro).
- Os polacos gostam de festa como os brasileiros e, quando se trata de casamento, tenha a certeza que vão curtir como se não houvesse o amanhã. Muitas cerimônias duram até dias. O casamento da Marcela e do Paul não poderia ter sido diferente, levou 12h – e há quem diga que isso foi pouco tempo. Todos, sem exceção, curtiram até o final. Aliás, o funk brasileiro fez o maior sucesso entre os gringos.
- Não existem “comidinhas” ou salgadinhos. Na Polônia, são oferecidas refeições completas ao longo da festa – sopa, almoço, sobremesa, janta -, além de mesa de carnes, sobremesas e saladas. O bufê contratado ofereceu 23 pratos diferentes. É tanta comida, que daria para ter um casamento de dias.
- O brinde não é feito tradicionalmente com champagne, e sim, vodka. O pai da noiva que deve fazer o discurso para saudar o casal.
- Barman não é comum nos casamentos do país, o serviço só foi contratado pois teria muito estrangeiro. Os poloneses preferem beber whisky ou shots de vodka pura. Na mesa de cada convidado, deve haver também garrafas de vodka, afinal o país é a terra dessa bebida, inclusive o nome deriva de voda, que quer dizer “água” em polonês. A integração entre poloneses e brasileiros foi tão grande, que todos os convidados aderiram aos shots e brindaram “Naz drowia” (saúde).
- Os noivos devem fazer um discurso de agradecimento aos seus pais e presenteá-los. Considerando que os pais da noiva eram brasileiros e os seus sogros gostavam de samba, o presente foi um show de samba, realizado por 2 brasileiros e uma polonesa. O grupo fez apresentação de porta-bandeira e mestre-sala, passista e até Carmem Miranda, além de ensinar os gringos a dançarem o ritmo brasileiro. Todos os convidados ficaram em êxtase com a atração, ninguém esperava que iria aparecer um grupo de samba em plena Polônia. Definitivamente, foi o highlight do casamento.
- À meia-noite é levado, ao meio do salão, o bolo de casamento, adornado com velas vulcão, sendo uma atração à parte. Não há a clássica decoração de mesa com docinhos e bolo, afinal esse é um elemento surpresa.
- A noiva joga o bouquet para as mulheres e o noivo a gravata para os homens. Em seguida, é dado início a “oczepiny”, um antigo costume eslavo que marca a transição da noiva solteira para casada. Nesse momento, são feitas inúmeras brincadeiras com os convidados, de dança das cadeiras às mais criativas possíveis.
São tantas particularidades no casamento polonês que, quando Paul disse que não existia casamento igual aos do seu país, ele não exagerou, realmente não há. Se você for convidado para um casamento polonês, arrume a mala e vá! Agora, se decidir colocar a Polônia como destino para se casar, você com certeza não irá se arrepender e nem precisar pagar em euro (a cotação da moeda Sloty é semelhante ao Real).
Gostou de conhecer a história desse casal e as pecularidades de um Destination Wedding na Polônia? Comente!