Texto: Alessandra Pereira
Baseada no Antigo Testamento Bíblico ou no Torá, no Talmud e na Halachá, as simbologias do casamento judaico encantam não só judeus, mas também quem valoriza uma cerimônia repleta de rituais sagrados e significativos. Muitos estão presentes há milênios e vem se perpetuando entre a comunidade, com atualizações de cada região.
O que diferencia o casamento judeu dos cristãos é a forma como dão significado a cada etapa, do noivado até a consagração do casamento. A base para a sua realização é a assinatura do Shtar Tena´m, um “Documento das Condições” onde os noivos e seus pais se comprometem com a concretização da união. A cultura judaica tradicional propõe uma cerimônia a parte para sua assinatura e as mães dos noivos quebram um prato cada, como forma de aceitação das cláusulas.
Esse documento é especialmente importante para casamentos arranjados por casamenteiros da comunidade judaica. Ainda é comum que profissionais ajudem a formar pares entre os solteiros da comunidade, que podem ou não se casar, como forma de ajudar a manter os laços religiosos e a preservar a tradição. Embora exista uma atenção especial para bens e heranças, o foco principal do casamento judaico é a união espiritual entre um homem e uma mulher. Os judeus só se consideram completos após o casamento e diante da formação de uma nova família.
O dia do casamento judaico é o Yom Kipur para os noivos, ou seja, o Dia do Perdão. Segundo a tradição, nesse dia Deus perdoa seus pecados para que possam começar uma nova vida em conjunto. Para isso é preciso se preparar para a purificação, através de rituais que incluem uma semana sem que os noivos se vejam, jejum no dia do casamento, troca de presentes entre eles e outros.
Os casamentos judaicos não precisam ser realizados em uma sinagoga, mas é fundamental que o chuppah esteja presente. Ele é uma cobertura onde o casamento é realizado, cujo significado é a existência do passado, presente e futuro que ajudam a formar o novo lar que está se construído. A inclusão do chuppah nos casamentos é uma referência a Abraão , patriarca que convidava todos a serem acolhidos em sua tenda, ou seja, pela sua família.
Um dos pontos altos de um casamento é o vestido de noiva, que deve ser todo branco, sem espaço para nuances como o prata ou marfim. A cor representa a pureza da noiva diante dessa nova vida que se inicia e do perdão divino que está recebendo. A noiva entra no local onde será realizada a cerimônia com o rosto descoberto pelo véu, mas logo é coberto pelo noivo antes de entrar no chuppah.
A presença do véu para cobrir o rosto da noiva indica que a beleza exterior não é fundamental para a solidificação do casamento, mas sim a interior, que permanece ao longo dos anos. Mas segundo o Torá, o rosto da noiva vem descoberto para que o noivo não cometa o mesmo erro de Jacó, que sem perceber o rosto antes da cerimônia se casou com Lea e não com Raquel. Já ele ser coberto novamente representa o primeiro encontro de Isaac com Rebeca, que cobriu o rosto ao vê-lo.
O noivo utiliza um taliti branco, semelhante a uma mortalha, por cima de seu terno numa demonstração que todos são iguais diante de Deus. Os homens presentes, sejam parentes ou convidados judeus ou não, devem usar o kipá em suas cabeças. O item simboliza a presença de Deus acima do homem, acompanhando e observando todos os atos, além de reforçar a sua crença. Usado somente na cerimônia, ele pode ser guardado como lembrança desse momento tão especial.
Assim como nos casamentos cristãos, o noivo entra antes da noiva, mas acompanhado pelos seus pais. O motivo é que todo casamento judaico só acontece se a noiva consentir que ele seja realizado, fazendo com que o noivo a aguarde para dar início a cerimônia. A entrada da noiva também é triunfal, sempre acompanhada pelos pais e não somente pelo pai como são os outros casamentos.
Logo no início da cerimônia a noiva e seus pais dão sete voltas em torno do noivo. O ritual se refere aos sete dias de criação do mundo por Deus, como se a noiva estivesse construindo os pilares da nova família, mas também representa a queda da muralha de Jericó para quebrar qualquer barreira que possa aparecer para o casal. A atitude indica que a noiva estará ao lado do futuro marido em todas as situações que possam surgir.
Sete também são as bênçãos recitadas na cerimônia, que falam sobre a criação do mundo e do r humano, assim como o povo de Israel, a sobrevivência dos judeus, a importância do casamento e a criação da nova família. A quebra de copos também é bastante relevante no ritual, indicando que num casamento há momentos felizes e tristes, mas que serão superados com a ajuda um do outro, dos amigos e parentes. Como o vidro representa a reconstrução, no momento da quebra todos ficam em silêncio absoluto, respeitdo o momento do casal, para em seguida entoarem um “boa sorte” ao final.
Mas o momento mais importante da cerimônia de casamento judeu é a entrega das alianças. Ela é colocada na mão mais forte da noiva, seja direita ou esquerda, iniciando no dedo indicador para que as testemunhas possam confirmar o compromisso selado no momento. Em seguida os noivos retiram do indicador e colocam a aliança no dedo anular esquerdo, sob as palavras do noivo em hebraico que confirmam a consagração pelas leis de Moisés e Israel.
As alianças de um casamento judaico não permitem designs ousados e inclusão de detalhes como pedras e outros metais. A tradição indica que elas devem ser feitas em ouro, com estrutura forte, mas simples e lisas, indicando um círculo inquebrável da união, estável, perfeito e protetor. Após a troca das alianças, os noivos são considerados casados.
O casamento judaico é realizado sob pilares relevantes de união, companheirismo, amizade, amor, respeito e manutenção das tradições. O livro sagrado do judaísmo, Torá, ensina que o casal não se juntou por coincidência, mas por uma combinação de Deus e um reencontro de uma mesma alma que se dividiu na terra: “quarenta dias antes da concepção é decretado nos céus que a filha dessa está prometida ao filho daquela”.
Como identifica o casamento como um mandamento de Deus e não uma instituição criada pelos homens, é preciso que o casal esteja de fato conectado um com o outro. Afinal, mesmo diante dessa predestinação a religião entende que há o livre arbítrio e cada indivíduo, tanto o homem quanto a mulher, tem o poder de decidir o que fazer com seu destino. Dessa forma, mesmo os casamentos arranjados só são realizados se ambos concordarem com ele e se sentirem a vontade em dar sequencia nos rituais para estabelecer a união.
Chamado de kidushin em hebraico, o matrimônio judaico pode variar de rituais e até de significados, mas é inevitável controlar a emoção diante de toda essa tradição. Verdadeiras metáforas do Antigo Testamento, ele demonstra a fé e força de um povo que se mantém unido ao longo dos anos.
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