Fazer turismo em Le Havre? Por que não? Uma agradável e tranquila cidade, à foz do rio Sena, apenas a duas horas de trem ou de carro partindo de Paris. Esta cidade reconstruída é um lugar perfeito para se passar alguns dias de férias, pois reúne belas paisagens e praias, além de arte, cultura, bons hotéis e restaurantes a preços acessíveis.
Partimos de Paris, de carro, pelas excelentes estradas da França. Chegamos sem problemas ao charmoso Hotel Vent d’ Ouest, com decoração bem própria para uma cidade praiana e portuária.
Estávamos ansiosos para conhecer Le Havre, cidade que foi quase totalmente destruída pelos aliados durante a batalha da Normandia, na Segunda Guerra. Após 20 anos, depois do magnífico trabalho do arquiteto Auguste Perret, que refez de maneira harmoniosa, simétrica e integrada, todo o antigo centro, foi declarada Patrimonio Mundial pela UNESCO.
Fiquei admirada de ver como conseguiram reerguer a cidade em tão pouco tempo, por isso mesmo Le Havre é considerada o melhor e mais belo exemplo de planejamento urbano depois de uma guerra. Essa reconstrução foi não só em relação aos prédios, escolas e igrejas destruídos, mas também em relação aos parques e jardins, todos muito coloridos com variadas espécies de plantas.
A obra mais impactante da reconstrução de Le Havre, a meu ver, é a Église Saint-Joseph (Igreja de São José), projeto de Perret. O curioso é que sua arquitetura é sóbria, com estrutura de betão aparente, aliás como todo o perímetro urbano reconstruído, mas de uma beleza ímpar! Sua torre é vista de qualquer parte da cidade, alcança 107 metros de altura e tem 12.764 pequenos vitrais. Considero visita obrigatória. Ficamos maravilhados com essa obra!
Fomos conhecer o Parc St Roch, ao lado da praça do Hôtel de Ville, a prefeitura. O parque é muito bonito, com lago, gazebo, árvores, flores, uma pequena cachoeira, bancos espalhados, enfim um oásis bem no centro da cidade com casais namorando, crianças brincando, assim como gente de todas as idades aproveitando este espaço para colocar a leitura em dia.
Caminhando, fomos até um dos mais belos jardins de prefeitura da França. Harmoniosas esculturas de Lartisien, muitas flores (soube que fica florido o ano todo) e lago com fontes fazem o espaço externo do Hôtel de Ville ainda mais bonito.
Um pouco distante do centro, a 20 minutos de carro, uma antiga fazenda foi transformada no Parc de Rouelles, lugar fantástico ao redor de uma floresta. Foi ótimo para passarmos algumas horas, nós e muitos casais de namorados… apreciando os jardins, o enorme lago com patos, o pequeno museu com ferramentas e objetos da vida rural. Há também vários jogos infantis e um centro hípico à disposição dos visitantes.
À noite fomos jantar no renomado restaurante Le Grignot, recomendado pelo guia Gault & Millau, cujo chef faz parte do Maître Restaurateur. O menu é variado e excelente com pratos de frutos do mar ou da cozinha tradicional e sobremesas deliciosas. Se você for a Le Havre não deixe de conhecer Le Grignot.
Saímos do restaurante e nos deparamos com a lua brilhando acima do Le Volcan, impossível não fotografar o belo contraste, Roberto Pereira, como sempre, aproveitou o momento e clicou… Le Volcan, Casa da Cultura de Havre, é um espaço destinado a espetáculos teatrais, cinema e outras atividades artísticas, projeto do famoso arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer.
No dia seguinte fomos à praia. São muito diferentes das nossas, por isso me senti num filme francês, tipo As Férias do Pequeno Nicolau… mas foi divertido. As praias ficam lotadas nos fins de semana e nas férias de verão, por isso há muito interesse em alugar as barracas, seja por dia ou por temporada.
O almoço do dia, por acaso um domingo, foi num restaurante na promenade, ou seja, no passeio da praia. Escolhemos o Lauda’s Restaurant com deliciosos frutos do mar, o prato de “moules” estava delicioso. Foi uma manhã animada e super gostosa.
À tarde fomos ao Museu de Arte Moderna André Malraux, o MuMa que, depois de Paris, tem a maior coleção de impressionistas, afinal Le Havre é chamada de “berço dos impressionistas”. O museu da cidade foi totalmente destruído na guerra, resolveram, então, fazer outro totalmente diferente, um belo e moderno prédio, com linda vista para o estuário do Sena, com valiosa coleção de obras de artistas famosos à nossa disposição, como Monet, Boudin, Renoir, Degas, Sisley, Pissarro. O fauvismo também está presente com Dufy, Van Dogen, Marquet, Camoin e Friesz, assim como obras clássicas e barrocas.
Nesse museu, além da lojinha e do espaço café, há uma biblioteca e um ateliê de práticas artísticas para adultos e crianças. Para nós, que gostamos de arte, foi uma visita agradavelmente proveitosa.
A primeira igreja de Le Havre, de 1610, a Catedral, não foi destruída pela guerra e o seu órgão foi doado pelo Cardeal Richelieu, para quem conhece a história é curioso esse detalhe…
A belíssima Abbaye de Graville também escapou da destruição e encontra-se aberta para apreciação dos visitantes. O início de sua construção data do século XI. A igreja e o convento são rodeados por um lindo jardim e um pequeno cemitério. Há no interior da abadia um museu religioso e uma coleção de miniaturas de casas de século XIX e início do século XX da Normandia e também de outros lugares da França e de várias partes do mundo. Sempre me surpreendo como conseguiam edificar essas magníficas construções sem as facilidades de hoje!
Les Jardins Suspendus, Os Jardins Suspensos, outro lugar que conhecemos, com incrível vista para o mar, para o porto e para a cidade. Aproveitaram um antigo forte militar, de 1854, abandonado por anos, para fazerem esse jardim temático com vegetação dos continentes. Realmente foi um aprazível passeio, diria mesmo imperdível.
Viajar pela França é um deleite para o paladar, por isso nunca dispensamos nenhuma refeição. Sendo assim nosso jantar nesse dia foi no Bouchon Normand, restaurante de cozinha tradicional. Difícil foi escolher entre tantos pratos saborosos, por sugestão do garçom acabamos optando por um pouquinho de cada um… foi uma deliciosa e acertada escolha.
Le Havre, além de ser uma cidade turística por excelência, possibilita conhecer outros belos lugares perto dela. Etretat é um deles, apenas a 40 minutos de carro você se depara com uma pequena e romântica cidade, de paisagem belíssima, que encantou artistas e escritores. Monet se inspirou no cenário de Etretat para pintar “Impression, soleil levant”, Impressão, nascer do Sol, e o título dessa obra deu origem a palavra impressionismo, movimento que surgiu na pintura francesa do século XIX.
Passamos horas apreciando Etretat e suas falésias, vendo o movimento dos turistas e aproveitando o sol da Normandia.
A Normandia não é um destino turístico muito procurado por nós, brasileiros, mas posso afirmar que foram dias inesquecíveis em que nos deixamos levar por paisagens e lugares encantadores. O prazer foi maior com a companhia de Françoise Prigent, conferencista, pintora e escritora, grande conhecedora da obra de Auguste Perret, que, indicada por Éric Baudet, diretor do Escritório de Turismo, nos ajudou a desvendar esta surpreendente e bela cidade portuária: Le Havre.
Romântica e cheia de lugares interessantes para visitar, Le Havre é um lugar ideal também para uma lua de mel. E você, já está planejando a sua? Então confira as indicações de hotéis e agências da Inesquecível Casamento para tornar sua viagem perfeita.
