Estrasburgo é a capital e também a maior e mais conhecida cidade da Alsácia, região disputada há séculos pela Alemanha e pela França. Os conflitos deixaram marcas dos dois países na arquitetura, nos costumes e na gastronomia da Alsácia, por isso é uma região muito peculiar com pequenas cidades, todas muito lindas, e com o povo orgulhoso de suas origens, tanto assim que se dizem “alsacianos”, ou seja, nem franceses, nem alemães, achei interessante esta colocação. Falam, além do francês, o Alsaciano (Elsässisch), que é um dialeto alto-alemânico do Alemão.
Estrasburgo, fundada no século 12 aC, passou para os franceses, depois para os alemães e ficou durante séculos no meio desta disputa, até que ao final da II Guerra Mundial (1945) voltou para a França. Foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco e a primeira cidade francesa a ser reconhecida como tal, em 1988, porque apesar das destruições causadas pelas guerras, conservou parte de seu acervo histórico dos romanos até hoje.
Ficamos três dias nesta adorável cidade, assim pudemos aproveitar muito e conhecer o melhor de Estrasburgo, mas pode-se apenas passar o dia, pegando o TGV em Paris pela manhã e voltando à noite, leva-se 1h45 em cada viagem.
Começamos pelo antigo e pitoresco bairro de La Petite France, junto ao rio e canais, com belas casas de enxaimel, dos séculos XVI e XVII, entrecortado de pontes. Era o bairro dos pescadores, dos curtidores (tratam das peles dos animais mortos) e dos moleiros (moem os cereais). Hoje em dia fica cheio de turistas que vão não só caminhar por suas ruas, mas também fazer um lanche, beber um café ou provar da deliciosa cozinha da região nos winstubs, pequenos restaurantes típicamente alsacianos, onde você pode saborear foie gras, choucroute, baeckeoffe (mistura de carne de boi, ovelha e porco marinado em vinho branco e levemente cozido com batatas e cebolas), tarte flambée (fina tarte coberta de bacon, natas e cebola, cozinhada ao forno de lenha), queijo de munster de pasta mole, entre outras iguarias.
A Catedral de Notre-Dame, terminada em 1439, é uma maravilha que pode ser vista de muito longe, sua fachada é belíssima e a rosácea em vitrais, o relógio astronômico e o terraço panorâmico são os pontos altos desta obra de arte. No verão é imperdível assistir ao espetáculo de luz e som à noite, quando luzes são projetados na fachada, mudando de tonalidade enquanto se ouve música clássica. Foram momentos inesquecíveis!
Não deixe de visitar na Catedral o Museu de L’Oeuvre de Notre-Dame que possui um rico acervo de esculturas e vitrais do século XI, assim como a coleção de arte medieval e renascentista alsaciana.
Passear de barco pelos canais é agradável e surpreendente porque temos uma visão de todo centro histórico quando o barco circunda a Île-de-Strasbourg, atravessando as comportas, já que os níveis de água são diferentes nos diversos canais. Depois o barco se afasta do centro e vai para a cidade moderna, onde ficam o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, pois Estraburgo é a sede desses órgãos na comunidade européia.
Há muitos museus nesta mágica cidade, mas o Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Strasbourg é fantástico, sua arquitetura contemporânea é linda e faz um belo contraste com as casas dos séculos passados. Há pinturas de Monet e Picasso, entre outros, esculturas de Rodin, tem também um belo acervo de fotografias e artes gráfica. Vale conhecer o MAMCS.
Como ficamos alguns dias em Estraburgo pudemos conhecer os arredores, rodando pelos vinhedos da região e saboreando o vinho da Alsácia.
Outro passeio que fizemos foi ao magnífico Château du Haut-Koenigsbourg a 45 minutos de carro de Estrasburgo. Fica no alto da colina, a mais de 700 metros de altura, oferecendo uma vista magnífica da Alsácia e da Floresta Negra. Foi construído em 1114, mas sofreu destruições e reconstruções ao longo dos séculos, até que, no final do século XIX, o Kaiser Guilherme II o reconstruiu em estilo romântico gótico para ser sua residência quando estivesse na região. A visita guiada é muito interessante e vale a pena conhecê-lo, mas impraticável para pessoas com dificuldade de locomoção, a subida é íngreme, além de muitas escadas dentro do castelo.
A rede hoteleira de Estrasburgo é excelente com bons hotéis, pousadas e B&B. Optamos por ficar no Le Moulin de la Wantzenau, antigo moinho (1608) transformado num hotel tranquilo, em Wantzenau, a 20km de Estrasburgo, afastado da agitação do centro da cidade. O local é lindo e o restaurante é excelente.
Estrasburgo é uma cidade que encanta a todos, perfeita para os que querem conhecer outras culturas, para os que amam História e Arte, para os gourmand que apreciam boa comida e bebida e para os apaixonados, que desejam um local bonito e tranquilo para namorar.
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