Toda viagem, para onde quer que seja, reconta uma história. Cada vez que uma pessoa chega a um destino, revive, em algum grau, um pouco de tudo aquilo que já se passou naquelas terras. É uma construção presente, que inevitavelmente se interessa pelo passado, e acaba transformando o futuro. Não só da cidade ou país em visita, mas também do visitante. É como se apaixonar: você precisa estar aberto para a troca, deixar um pouco de si e absorver outro tanto do outro.
Foi com esse espírito de conexão que chegamos à Viena, um caso de amor à primeira vista. Para começar, as pessoas parecem muito felizes aqui. Caminhar entre ruas tão tranquilas e de beleza arquitetônica ímpar deve ser um dos motivos que explica a consultoria internacional Mercer apontar a capital austríaca como a cidade em que mais vale a pena se viver no mundo. Isso acontece há oito anos, em sucessivos estudos que avaliam a qualidade de vida em 230 metrópoles nos cinco continentes. Os pesquisadores levam em conta o clima político, social e econômico, o serviço de saúde, as possibilidades de educação, a infra-estrutura pública, as opções de lazer, a disponibilidade de bens de consumo e as condições de meio ambiente. Para além dos quesitos técnicos, paira no ar um sorriso perfumado de paz. É o que todo mundo deseja sempre, em casa e também quando está viajando.
Se olharmos para trás, lembraremos que nos livros de história este canto do mundo tem um papel majestoso. Ou melhor, imperial. A sombra do grandioso Império Áustro-Húngaro é fresca, e nada pesada. Foram mais de 600 anos sob o comando da dinastia dos Habsburger, que marcaram não só esta região da Europa Central mas toda a civilização ocidental. O cenário urbano ainda hoje é repleto de reflexos do reinado da imperatriz Maria Theresa no século 18 e dos 68 anos sob comando do último imperador Franz Joseph, morto durante a Primeira Guerra Mundial, após a qual surgiu a República da Áustria. Foi ele quem derrubou em 1857 os muros que rodeavam a cidade e tocou a construção da Ringstrasse, o imponente boulevard na forma de um anel que exala sofisticação, seja para compras em lojas refinadas ou um simples passeio de mãos dadas.
Tomara que a estadia de vocês também seja por aqui, é o mais recomendado para dias e noites em modo romance. Minha dica em particular é hospedar-se no Hotel Imperial, um clássico renovado que hoje é associado à The Luxury Collection da rede Starwood. São mais de 140 anos de hóspedes ilustres e o melhor padrão de serviço hoteleiro, uma experiência “royal” por assim dizer. Para se ter uma ideia, este prédio icônico construído como palacete privativo chegou a hospedar o nosso imperador D. Pedro II. Uma série de reformas manteve o requinte do hotel ao longo das décadas, sempre equilibrando a tradição vivida entre suas colunas com as novidades tecnológicas e o conforto de cada nova época.
Para casais em lua de mel ou qualquer viagem romântica, uma boa pedida é reservar uma das Maisonette Suites, no último andar. Distribuída em dois pavimentos, chama atenção pelo pé direito alto, os ambientes espaçosos, luxo em detalhes e uma sacada com bela vista dos arredores. O serviço de mordomo dispensado à esta categoria é um charme a mais, daqueles supérfluos que fazem toda a diferença numa viagem a dois. Guardem um tempinho para explorar o hotel, seus salões e escadarias. Vale a pena solicitar um tour ao concierge, é uma boa forma de se ambientar com a própria história de Viena e dá até vontade de (re)casar aqui. Com ou sem festa, não deixem de experimentar o restaurante de todas as horas Café Imperial Wien e se deliciem a cada café da manhã com a imperdível Imperial Torte, marca registrada da casa criada em homenagem ao imperador Franz Joseph à época da inauguração do hotel. Para uma extravagância gastronômica, vejam brilhar a estrela Michelin do restaurante Opus.
Passada a porta giratória do hotel, Viena é um convite a se flanar com calma. Em curtas caminhadas vocês chegam a Karlsplatz, Museums Quartier e Heldenplatz, apenas alguns dos muitos espaços deslumbrantes da capital austríaca. Na lista das atrações mais famosas também estão o Sisi Museum e o Schönbrunn Palace. Entre as ainda não tão conhecidas, as surpreendentes vinícolas em operação dentro dos limites urbanos, algo raríssimo em todo o planeta. São cerca de 676 hectares de área cultivada, com predominância para a produção de ótimos vinhos brancos. Taí um programa sob medida para lua de mel. Outro é explorar sem pressa a área verdade formada por jardins, parques e bosques, que ocupam quase metade do território. Vale tanto no friozinho de outono e inverno como nos coloridos meses de primavera e verão.
Seja qual for a direção, uma sugestão logística: adquiram o Vienna City Card, que dá acesso a todo o eficiente sistema de transporte público e traz dicas e descontos para um maior aproveitamento da cidade. Também é super útil baixar o aplicativo deste cartão do destino, assim como dar uma conferida nos tours temáticos do portal www.wien.info.
Entre um passeio e outro, paradas estratégicas para se alimentar com delícias repletas de memória. Programem sua rota para o centro histórico ser visitado perto da hora do almoço e parem no Lugeck, restaurante que fica na rua de mesmo nome e está instalado em um belíssimo prédio do século 14, em frente à estátua de Gutenberg. O cardápio é extenso mas a escolha de todos é quase única: Vienesse Schnitzel, ícone culinário local. O acompanhamento certeiro ao delicioso bife à milanesa com salada de batata é a cerveja da casa. Para sobremesa ou mesmo uma refeição completa, façam como os vienenses fazem há séculos: se joguem numa “kaffeehaus”, parte dos costumes daqui. Famoso, o Café Central Wien serve uma apfelstrudel que resignifica o que seu paladar entendia como torta de maçã. Só de escrever essa linha e lembrar daquele sabor deu água na boca, a mesma sensação que já tiveram Freud, Trotsky e outros célebres clientes do lugar.
Por falar na cultura dos cafés vienenses, ela é tão importante para a economia local que a associação de seus empresários organiza um dos mais badalados “balls” da cidade. A temporada de bailes começa sempre em 11 de novembro e inclui mais de 450 deles até o fim de fevereiro. O Kaffeesiederball reúne cinco mil pessoas em trajes de gala em vários salões do Imperial Palace com bandas ao vivo tocando diversos estilos musicais, apresentações de dança e muita valsa regada aos melhores rótulos de bebida. Participar de um deles é uma experiência única; pesquisem quais acontecerão perto das suas datas na cidade e usem o concierge do hotel para agendar hora em uma loja de aluguel de roupas, mais conveniente que carregar na mala seus super vestido e black ou white-tie.
Ainda na pauta musical-cultural, não dá para ir a Viena e não conferir ao menos um concerto ou uma ópera. A cidade abriga muitos eventos de estilos contemporâneos e vanguardistas ao longo do ano, mas o charme da música clássica ecoa mais alto. Entre os 50 teatros há quatro “opera houses” e uma programação robusta para além das emblemáticas Orquestras Sinfônica e Filarmônica de Viena. Lembrem que aqui nasceram artistas como Schubert, Strauss, Schoenberg e Berg e viveram outros como Mozart, Beethoven, Haydn, Brahms e Mahler. É mandatório ouvir e sentir acordes em um desses templos.
Viena é também berço de importante artistas visuais. Neste 2018, a cidade celebra 100 anos da morte de quatro deles: os pintores Gustav Klimt e Egon Schiele, o arquiteto Otto Wagner e o múltiplo Koloman Moser. Todos foram figuras-chave no desenvolvimento do movimento conhecido como Modernismo Vienense, que tornou a capital austríaca um hub de criatividade tão vibrante como hoje. Arte, literatura, arquitetura, psicologia, filosofia e todos os aspectos de uma sociedade em transformação estavam em ebulição com as mentes inquietas em ação naquela época. Sob o tema “beleza e abismo”, várias exposições e homenagens estão programadas para o ano todo. Entre os locais fixos, não perca o museu e a esplanada Belvedere – onde residem clássicos de Klimt e Schiele – e o pavilhão Otto Wagner – que detalha sua contribuição ao espaço urbano vienense em uma rica exposição organizada no antigo acesso à estação de metrô da Karlsplatz.
Uma das características mais marcantes deste destino é o orgulho com que os que nasceram ou vivem aqui falam de tudo o que Viena tem a oferecer. Depois de visitá-la, soa fácil deduzir o porquê: a cidade surpreende de forma orgânica. Talvez não seja a primeira opção de quase nenhum brasileiro que decide viajar para a Europa, mas não deveria escapar da rota de ninguém. E que seja em breve e mais de uma vez até. Voltar e revisitar lugares como Viena é permitir-se aprender novas nuances de uma mesma história, que fica mais gostosa e elaborada a cada nova vez que se conta. Se tanta gente bacana ao longo dos séculos aportou aqui e se deixou seduzir por ela, é você quem vai fica indiferente e de fora?
Estar em Viena e olhar o Danúbio é uma tentação a navegá-lo e conhecer outro destino que o beira: Budapeste, capital da Hungria e também remanescente da riqueza dos idos do Império Austro-Húngaro. Lembra Paris, mas com sotaque e interferências dos anos de domínio soviético e estilo de vida comunista. A cidade é belíssima de onde e para quer que se olhe, seja do alto do Castelo de Buda ou da roda gigante fincada na margem de Peste. Uma dica prática: aluguem um Segway e percorram com um guia privativo as ruas de ambos os lados do rio; fica mais fácil de reconhecer a geografia e as histórias mais curiosas da cidade, para depois explorá-la no seu próprio ritmo.
A cadência da capital húngara inclui, necessariamente, circular entre edifícios imponentes e palacetes que atraem a mirada para o alto. Um deles, na rua Erzsébet, em Peste, chama atenção pelo entra e sai de pessoas. Não se trata do deslumbrante Parlamento ou do Teatro da Ópera, mas do hotel Boscolo Budapest, também conhecido como New York Palace. A movimentação não é apenas de hóspedes e funcionários, mas sobretudo de meros curiosos e clientes do New York Café, laureado pelo UCityGuides.com como o café mais bonito do mundo.
Beleza, de fato, há de sobra neste edifício. O famoso café é mesmo um charme, mas é o átrio interno do prédio que mais impressiona. Com pé direito superior a 20 metros de altura e teto que permite a entrada de generosa luminosidade natural, revela por dentro a torre que o destaca entre os vizinhos. Tal qual um imã irresistível, o espaço quase provoca torcicolos: é impossível adentrar o ambiente e não erguer o pescoço para o alto. Compondo o êxtase sensorial, flores frescas, lounges espaçosos e um piano em atividade ininterrupta convidam, ao menos, para um respiro e um café.
A quem se hospeda é reservada a vista superior deste “jardim” central. Os corredores de cada andar formam um “O”, com super espaçosos quartos e suítes voltados para cada uma das quatro faces externas. Nos interiores, decoração elegante contemporânea e um dos maiores e melhores banheiros da alta hotelaria europeia. Poder-se-ia não querer sair da acomodação – tamanho o conforto –, mas a energia pulsante do prédio influencia o aproveitamento de todos os espaços coletivos.
É curioso descobrir que o New York Palace não foi projetado como um hotel, função em voga apenas desde 2006, quando o grupo italiano Boscolo inaugurou a versão atual. Antes fora um edifício corporativo construído em 1894 como sede europeia da New York Life Insurance Company. Uma das maiores companhias de seguro do mundo, a empresa americana queria transmitir ao público dignidade, credibilidade e poder. O sucesso foi tão arrebatador que o café instalado no térreo e os salões de eventos privativos rápido conquistaram o apreço da alta sociedade e da intelectualidade locais. Os escritórios funcionavam nos dois primeiros andares e os funcionários moravam nos de cima.
O epicentro da vida cultural de Budapeste se estabeleceu no New York Café, com os principais jornais sendo editados ali mesmo e muitos artistas e escritores criando e discutindo suas obras entre xícaras de café, drinques e refeições. O espaço sofreu impactos com as guerras mundiais, mudou de dono, função e nome ao longo do século 20. Refloresceu nos anos 2000 cheio de referências ao passado.
As mesas do café voltaram a ser muito disputadas e a versão húngara do goulash é campeã de pedidos. Um dos antigos salões tornou-se o refinado restaurante Salon, agraciado com uma estrela no Guia Michelin. E o bar do mezanino ganhou o nome de Nyugat, uma homenagem ao lendário jornal literário que circulava por aquelas bandas e influenciou muito o pensar do início dos anos 1900. É um recanto discreto, perfeito para algumas taças de vinho tinto local e um brinde à essa encantadora região da Europa. Aliás, essa viagem dupla pelas capitais da Hungria e da Áustria, mais que um gosto de quero mais na mente, deixa uma certeza: mergulhar na história é apaixonante.
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