Funk 150 BPM, o ritmo do momento

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Ele surgiu como o “Patinho feio do funk”, depois dominou o Rio de Janeiro e agora começa a dominar o país. Muitos DJs não curtem, mas o fato é que o “150” vai ser o fenômeno do verão 2019. Vamos conhecer a história e os hits do som do momento, o Funk 150 BPM.

Você deve estar se perguntando, afinal de contas que negócio é esse de 150 BPM? Se você é uma pessoa de negócios, BPM significa Business Process Management, ou seja: Gerenciamento de Processos de Negócio. Na música, BPM significa uma unidade de medida de frequência, ou a contagem das batidas da música por minuto. Os médicos usam o BPM para contar as batidas do coração em um minuto.
 
Nos últimos anos, quase todos os grandes sucessos do funk foram produzidos com 130 BPM, que virou o andamento padrão. Mas em 2015 a coisa começou a mudar. O funk carioca que sempre foi uma referência nacional perdeu espaço para o funk paulista, que surgiu mais bem estruturado, com planejamento e investimento. O “funk ostentação” explodiu e depois veio o “funk ousadia” revelando nomes como Kevinho, Livinho, Kekel, Fioti e por trás de tudo isso, Kondzilla. Ele não é MC e não escreve as letras das músicas, mas é um roteirista e diretor que criou a maior produtora de videoclipes do funk e hoje é um dos maiores influenciadores digitais do mundo.

 Para o DJ MP4, um dos maiores nomes do funk a história é um pouco diferente. “Eu acho que o funk de São Paulo até ajudou o funk a voltar a fazer sucesso. Com a crise, muitas casas noturnas fecharam, algumas equipes de som pararam de fazer eventos, a violência tomou conta das ruas e a galera começou a sair menos. Ao mesmo tempo, São Paulo aprendeu a fazer o funk. Eles trouxeram um funk de qualidade, com harmonia e canto, produzido de uma forma bem diferente. E aí a galera teve que acordar! Eu cheguei a tocar praticamente 70% do meu set com produções de São Paulo. Foi assustador! Mas agora deu uma equilibrada e hoje eu já toco 60% de produções do Rio”.

 Ele ainda acrescentou: “No início, o funk 150 mexeu muito com os funkeiros mais tradicionais. A galera mais antiga não curtiu. O “150” foi uma resposta do Rio e surgiu de uma maneira estranha, porque as músicas não eram produzidas em 150 BPM. Era uma música produzida em “130” que o cara acelerava. A voz ficava tipo “Alvim e os Esquilos.”
 
O funk acelerou e começou a ganhar produções mais comerciais. Resultado, hoje é uma realidade no Rio de Janeiro e já começa a conquistar o país. “Algumas músicas já fazem sucesso em outros estados, como “Me solta” do Nego do Borel, “Não encosta no meu namorado” da Ludmilla e agora Kevin o Chris”, segundo o DJ.
 
Recentemente, o DJ paulista RD que lançou o hit “Só quer vrau” declarou que o 130 é mais cadenciado, mais leve. Já o 150 te um som mais “pegado”, mais “pra cima”. Para RD, o funk precisa ter uma sujeirinha para ter um corpo. Ele só não curte letras agressivas.
 Para Dennis DJ, considerado o rei do funk no país, “o beat do funk estava mais na linha da São Paulo. Esse beat não vai acabar, mas chegou uma nova vertente”. Dennis produziu o “Medley da Gaiola”, sucesso nacional que já chegou na terceira posição no Spotify, com quatro músicas do Kevin o Chris, mas sem os palavrões das versões originais. “Não toco música com palavrão em respeito às famílias que curtem o meu trabalho”.
 
Em 13 de agosto de 2015, Sérgio Cabral, o então governador do Rio de Janeiro, derrubou uma resolução que proibia os bailes de funk em favelas como UPPs. O funk 150 surgiu exatamente nesse momento e festas como o Baile da Gaiola, na Penha, e o Baile da Nova Holanda, no Complexo da Maré se tornaram referências desse novo funk acelerado.
 “Os bailes de funk em favela sempre existiram e sempre foram um sucesso. Hoje tem menos. A média de público em cada comunidade sempre foi 2, 3, 4 mil pessoas. O Baile da Gaiola chega a receber 10 mil pessoas. Por que? Sábado à noite tem poucos bailes e esse virou a referência. Aí vai todo mundo pra lá. Ainda tem aquela coisa do “proibido é mais gostoso” e lá tocam os proibidões, tocam as músicas que eles só escutam dentro de uma favela… é por aí. É um fenômeno interessante porque mudam as gerações e os bailes de favela continuam tendo uma notoriedade. Interessante, vários artistas surgem nos bailes. Antigamente a rádio ditava o ritmo. Hoje os bailes e a intrenet são o berço de lançamentos”, declara o DJ MP4.   
 
Mas como foi que o 150 estourou nesses bailes? Segundo MP4, “O sucesso do “150” é um tanto engraçado. Isso surgiu no final da noite, quando a galera já estava meio chapada e o DJ resolveu acelerar a música e as pessoas ficavam pulando pra zoar. Não era nem uma dança e aquilo virou uma maneira interessante de fazer a noite render e seguir por mais algumas horas. Junto com as músicas, as meninas se adaptaram para dançar e tem uma dança bem acelerada que lembra a velocidade 5 da “Dança do Créu”. Foi uma zoação que deu certo!”.
 Para fechar o assunto, o DJ cita os devidos créditos:
 “Dizem que o 150 tem dois criadores. O “pai” do 150 é o DJ Polyvox, do Baile da Nova Holanda. Ele ouviu o filho batucando em uma garrafa de Coca-Cola e achou aquilo interessante, sampleou e jogou em 150 BPM. O outro foi o Rodrigo Fox, um DJ de Campo Grande que já está na pista há bastante tempo e começou a acelerar as músicas de brincadeira no final da noite. Os caras pulavam que nem loucos e aí ele viu uma oportunidade de ganhar dinheiro. Outro nome importante e que ajudou muito a estourar o movimento foi Renan da Penha, um DJ que está muito forte atualmente.”
Hora de conhecer os grandes hits do momento! Eu acabei de lançar um novo episódio do meu Podcast com os maiores hits do Funk 150 mixados, non stop e com as versões “light” pra você fazer a festa! Já está disponível para você ouvir ou baixar de graça no iTunes, Spotify e no meu site: www.andrewerneck.com


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