Ainda não sabe se vale a pena investir em fotos para casamento? Nós te contamos tudo sobre os ensaios pré e pós-wedding!
Quem não sonha em ter o dia do seu casamento eternizado? Uma troca de olhares entre os noivos, um sorriso sincero durante a cerimônia e a felicidade que se faz presente em cada relance da festa: tudo captado pelas lentes de um profissional que, hoje em dia, costuma compartilhar com o casal muito mais do que o momento do enlace. Estamos falando dos ensaios pré e pós-wedding, cada um com suas particularidades e encantos.
Na visão de Vinícius Matos, que está no mercado há dez anos, os noivos de Minas Gerais são mais adeptos às fotos tiradas depois do casamento – embora, aos poucos, o ensaio que antecede a união venha ganhando força. Afinal, trata-se da resposta perfeita para quem quer incluir imagens mais despojadas no site do casal ou usa-las para decorar da recepção em porta-retratos ou slideshow, como aconselha Fernando Lutterbach.
Para que os noivos tenham tempo hábil de usar o material, recomenda-se fazer o ensaio pré-wedding com uma antecedência média de três meses. Porém, caso queiram coloca-las no save the date, o ideal é ter mais tempo – já que, segundo a etiqueta, eles devem ser enviados seis meses antes do casamento. De acordo com Sergio Luiz Castro, que em 2009 deixou o trabalho de publicitário e passou a se dedicar exclusivamente à fotografia, divulgar imagens inéditas um mês antes do grande dia também pode ser uma forma de levantar o ânimo dos convidados e aumentar a expectativa em relação ao evento.
Por outro lado, um ensaio antes da festa pode ser um ótimo momento para o fotógrafo conhecer melhor seus clientes e vice-versa. Por isso mesmo, passou a ser chamado por algumas pessoas de engagement session. Na opinião do fotógrafo Fernando Trancoso, ele também funciona como uma oportunidade de maior interação com o noivo, já que o primeiro contato quase sempre é feito pela noiva.
“De toda forma, a experiência é o que conta mais. É importantíssimo que o casal queira mesmo fazer o ensaio, se prepare e curta bastante o momento, se entregando e confiando no profissional. O resultado das fotos depende da energia que vai ser trocada”, opina Lutterbach. Isso significa que a escolha do fotógrafo é uma etapa muito importante. É preciso, portanto, encontrar alguém que se identifique com os noivos e esteja disposto a viver um pouco daquela história.
Ao contrário do pré-wedding, na sessão realizada após o sim o casal costuma vestir as roupas de noivos mais uma vez. Sergio não esconde seu gosto pela modalidade: para ele, trata-se do grande momento artístico da fotografia de casamentos. “É nessa hora que conseguimos ter uma assinatura mais artística e livre. Na festa eles querem curtir, abraçar seus convidados e dançar. Não estão e nem deveriam estar preocupados em fotografar. É claro que nós vamos captar cada instante da forma mais rica e inusitada possível, mas o pós será um momento muito mais íntimo e interessante dos dois”, explica.
Para conseguir o efeito desejado no ensaio pós-wedding, o ideal é que a sessão seja feita o quanto antes possível. Na opinião de Marcia Charnizon, apaixonada pela arte de fotografar desde os 13 anos de idade, ele pode acontecer logo depois da lua de mel. “O quanto mais próximo melhor porque as pessoas vão desanimando e até mudando fisicamente”, concorda Vinícius. Sergio, por sua vez, recomenda que os noivos tentem fazer as fotos antes mesmo de viajarem.
“Casaram no sábado? O ideal é fazer o ensaio logo na segunda-feira, assim vão para a lua de mel com tudo pronto”, argumenta. O profissional ainda lembra que, se o casal tiver como destino um local de praia, voltará queimado e as imagens não terão o mesmo aspecto daquelas tiradas durante a festa. O segredo, portanto, é analisar a realidade de cada noivo separadamente para, assim, encontrar a melhor solução.
TRASH THE DRESS: DISPENSÁVEL, NA VISÃO DOS MINEIROS
Com o objetivo de inovar na prática dos pós wedding, há cerca de dez anos um fotógrafo norte-americano colocou fogo no vestido de uma noiva, dando origem ao trash the dress. A modalidade ganhou adeptos mundialmente, mas foi – e continua sendo – alvo de muitas críticas. Os fotógrafos mineiros, por exemplo, preferem evitá-lo.
“Eu não gosto da ideia de destruir algo que alguém criou e, além disso, custou caro para o casal. Os estilistas se sentem prejudicados e isso afeta nossa relação com eles. Hoje existe algo mais light, com a noiva pisando na areia ou entrando na água”, explica Vinícius. Sergio também não vê a prática com bons olhos. Para ele, fotógrafos não deveriam vender essa ideia para seus clientes. “Será que a noiva quer mesmo estragar o vestido dela?”, questiona.
Na análise de Marcia, que também não se interessa pela ideia, o profissional deve se preocupar com a construção da imagem, levando em consideração a composição, a técnica e a direção de cena. “Não é a locação e nem a ideia do trash the dress ou de qualquer outro termo que faz um ensaio ser interessante. Acredito que a qualidade de um ensaio surge quando o fotógrafo manipula bem as ferramentas que possui”, argumenta a fotógrafa.
A CÉU ABERTO
Em função da beleza natural de Minas, as fotos pré e pós-wedding costumam ser feitas ao ar livre, por isso não estranhe se ouvir falar em ensaios externos – o termo pegou por lá e os resultados são incríveis. “Acho que os noivos mineiros gostam de inserir as paisagens com montanhas e água, que são muito comuns no nosso estado”, explica o fotógrafo Oswaldo Marra.
O costume exige alguns cuidados. Em épocas do ano com muita chuva, por exemplo, é preciso que noivos e fotógrafo tenham um plano B. “Não dá para fotografar na chuva, então neste caso cenários internos devem ser sugeridos”, complementa o especialista em impressão Fine Art.
É claro que alguns locais se tornaram célebres para os mineiros, mas o legal é que cada casal encontre um cenário que tenha a ver com a sua história. Alguns clientes já chegam ao escritório de seus fotógrafos certos de onde querem fotografar. Outros precisam de um empurrãozinho para encontrar o local ideal – que dialogue não apenas com a personalidade dos dois, mas também com o estilo das fotos desejadas.
Para os noivos mais discretos, é uma boa ideia pensar em cenários reservados. “Dificilmente meus clientes fotografam em algum local público. Eles querem discrição no momento da sessão, o que acho interessante e importante. Ganho consistência na direção de cena quando estamos em um local que não oferece grande exposição à noiva ou ao casal, principalmente se considero que não estou fotografando modelos”, afirma Marcia.
Vinícius também tem uma quedinha por lugares mais tranquilos, então costuma sugerir pontos de montanha perto de Belo Horizonte ou propriedades da família dos clientes, como sítios ou fazendas. Sergio, por exemplo, há pouco tempo foi ao pequeno município de Pimenta realizar um ensaio na fazenda onde o noivo havia crescido. O resultado, de acordo com ele, não poderia ter sido melhor. “Olha o valor histórico que esse lugar tem para eles”, lembra, animado.
Para o fotógrafo, as coisas ficam mais interessantes quando o cenário é simbólico para o casal. “Qualquer lugar pode resultar em um ensaio bonito, basta que ele faça sentido para os noivos”, argumenta. A linha de pensamento de Marcia é a mesma. De acordo com ela, até uma parede branca pode funcionar e os próprios estúdios dos profissionais não devem ser descartados como uma opção interessante. “Muitas vezes meu cenário é o trabalho de luz que faço em cima de algo simples. Posso fazer um ensaio inteiro dentro de um corredor”, exemplifica.
Em contrapartida, locações inusitadas são sempre bem-vindas. Ao longo de sua carreira, Sergio já fotografou em muitos lugares, mas dois ensaios ficarão para sempre na memória: um no Forte do Brumadinho, que exigiu uma complexa logística e horas de trilha, e outro em um ferro velho de Contagem. “Com preconceito ninguém vai a lugar nenhum. Essa ideia foi poesia pura! Cromaticamente falando, é lindo o contraste que existe entre o destruído e o que está novo, começando agora”, diverte-se.
Por isso, não tenha medo de inovar. Nas palavras do profissional, a vontade de fazer algo personalizado resulta em um livro único para cada casal. “O ensaio externo mostra um recorte desse momento mágico e as imagens desse álbum, no futuro, acabam roubando a cena até mesmo em relação às do casamento. É como um livro de arte só deles”, afirma Sergio.
Isso significa que durante os ensaios também vale brincar com elementos que tenham significado para os noivos, como um animal de estimação. Mas cuidado: segundo Oswaldo, não é qualquer lugar que aceita a presença dos pets. Vinícius também é adepto à ideia. Para ele, elementos personalizados mudam a estética da foto e trazem mais identidade ao produto final. Fernando Trancoso, porém, recomenda atenção. “Nada em exagero é bom. Eles devem incluir apenas coisas que façam parte do contexto do casamento, nada fantasioso ou forçado”, afirma.
13 LUGARES BADALADOS PARA UM ENSAIO EM MINAS
- Inhotim
- Serra do Cipó
- Serra da Piedade
- Parque Estadual da Serra do Rola-Moça
- Casa Branca
- Brumadinho
- Macacos
- Moeda
- Cordisburgo
- Nova Lima
- Topo do Mundo
- Museu de Artes e Ofícios
- Museu das Minas e do Metal
DICAS DE MESTRE
1. Escolher o mesmo profissional para todos os momentos (festa + ensaios) garante unidade estética às fotos do casamento
2. O bom fotógrafo não se preocupa com o tempo do ensaio, e sim com a qualidade do trabalho realizado. Uma sessão dura, em média, duas horas
3. Não é legal incluir as fotos do pré-wedding no mesmo álbum do casamento, pois os noivos estarão vestindo roupas diferentes
4. O pós-wedding pode entrar no mesmo livro, mas talvez seja interessante dedicar um espaço exclusivamente a essas fotos de cunho mais artístico
5. Planeje-se: alguns locais exigem autorização e até mesmo o pagamento de uma taxa para realizar ensaios fotográficos
FOTOGRAFAR FORA DO PAÍS: PODE?
Claro que sim! Mas é importante ter em mente que os custos serão bem maiores, já que cabe aos noivos arcar com todas as despesas da viagem do fotógrafo. Além do lado financeiro, conciliar a agenda dos clientes à do fotógrafo pode ser complicado. Em função disso, ensaios fora da cidade ou até mesmo do estado de origem do casal são mais comuns.
“Eles também terão que procurar, na localidade, cabeleireiro e maquiagem, transportar o vestido e verificar se existe alguma restrição nos locais em que querem fotografar. As despesas de transporte e hospedagem, hoje com o real desvalorizado, ficam altas. Há algum tempo atrás, com o dólar mais baixo, era mais fácil”, pontua Oswaldo.
COMO LIDAR COM A TIMIDEZ?
Esse ponto é unanimidade entre os profissionais da área: os noivos precisam se sentir confortáveis. Nada de roteiros prontos ou fotos extremamente posadas. A ideia é deixá-los livres, sem pressa, curtindo o momento. “Eu, por exemplo, não fico dirigindo ninguém. Ligo meus equipamentos e deixo que eles conversem e namorem. O trabalho do fotógrafo é dar uns toques, e não forçá-los a fazer qualquer coisa”, opina Sergio.
Oswaldo concorda. “Não existe uma fórmula, aqui vale a confiança e o respeito. O casal tem que confiar que vamos conduzi-los da melhor forma e nós temos que respeitar os limites estéticos de cada um. O excesso de timidez pode atrapalhar um pouco, mas com o tempo de profissão aprendemos algumas técnicas para deixar este tipo de pessoa mais ‘solto’”, explica.
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Créditos
1, 4, 12, 15, 19 e 21- Sergio Luiz Castro | 2 e 10- Lutterbach Fotografia Autoral | 3, 7, 8, 11 e 16- Vinícius Matos | 5- Fernando Trancoso | 6, 13 e 14- Marcia Charnizon | 9, 17, 18 e 20- Oswaldo Marra e Jane Magalhães Fotografia